ESCREVERAM SOBRE A SUA OBRA


Nas obras de Catarina Skoglund há uma composição rigorosa na qual as cores assumem o equilíbrio necessário para que se possa manifestar a expressão linguística da imagem dos quadros. A composição das cores revela uma artista hábil que usa as combinações num padrão de tons musicais.
            É igualmente possível sentir a calma clarificada que resulta da exactidão que a pintora procura determinadamente. Os  quadros de Catarina Skoglund e o seu estilo são inspirados pela abstracção francesa na qual se baseia o conteúdo, misturada com elementos dos expressionistas abstractos americanos. Os quadros situam-se numa zona intermédia entre a arte modernista e a pós-modernista, mas possuem uma expressão espiritual que faz lembrar a do pintor francês Alfred Manessier.
É, de certa forma, uma libertação ver as pinturas de uma artista plástica que tão claramente introduz o elemento musical nos seus quadros, um elemento fortemente preciso nos nossos dias.
Esta artista, que sente a necessidade imperiosa de pintar quase como um vício ou fado de criadora, maneja as cores a acrílico com pincel, esponja e espátula, acrescentando ocasionalmente a colagem com parcimónia e bom gosto.
Toda a obra que conheço prima pela originalidade, possui cunho pessoal, longe de quaisquer imitações,
Viagem bem diferente escolheu esta pintora predominantemente não figurativa desde os quadros de múltiplas manchas justapostas ou imbricadas a espátula disseminada por toda a superfície conferindo um ambiente festivo de consonâncias de cores, até àqueles em que só o azul ou só o vermelho são executados com exímia. A aparente monotonia é anulada em virtude do requinte de tonalidades e da heterogeneidade de espessura matérica. É patente neles um informalismo abstractizante.
Um outro tipo de trabalhos contém signos, letras que formam palavras e estas frases escolhidas pela artista, sendo o efeito estético deveras conseguido. Há ainda exemplos de agradável informalismo que comportam sugestões figurativas. Num deles parece advinhar-se uma favela sem que o elemento humano esteja representado.
Raros quadros, a título de excepção, podem considerar-se minimalistas perante toda a produção realizada. Merecem, no entanto, que se aprecie o interesse do conteúdo central rodeado por uma área de nudez que propositadamente valoriza o conjunto.

BjØrnulf  Dyrud











Viagen interior


Catarina Skoglund, ao ar livre e pouco antes do crepúsculo, espraiou grande parte das suas telas e proporcionou-me a feliz ocasião de, pela primeira vez, as apreciar.
Esta artista, que sente a necessidade imperiosa de pintar quase como um vício ou fado de criadora, maneja as cores a acrílico com pincel, esponja e espátula, acrescentando ocasionalmente a colagem com parcimónia e bom gosto.
Curiosamente é admiradora da obra de Gerhard Richter que eu também considero e rotulo de anarca da Arte, à semelhança do autor do livro La verité en peinture, o filósofo Jacques Derrida, Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra.
Sobre Gerhard Richter, Jean – Louis Pradel escreveu: Multiplica as séries, os estilos e os temas. Ao sabor de uma alegre descontinuidade, não se abstém de coisa alguma, nem de citar La Tour, Bacon ou Giacometti, nem sequer de fingir reproduzir a preto e branco uma má fotografia – desfocada – encontrada num jornal. (À Julião Sarmento, acrescento eu). As monocromias cinzentas dos anos setenta procuram sondar essa soma de todas as cores, de que não existirá alguma quando as telas realistas tiverem seguido a imagem na sua fuga por entre reflexos e transparências. Finalmente as “imagens abstractas” dos anos noventa, entre os litígios e confusões, tiraram do caldeirão do Diabo os Nenúfares de Monet suficientes para reatar com o uso da beleza pictórica, num cada vez mais actual registo de violência no mundo.
No nosso país houve duas exposições de Gerhard Richter que visitei em Lisboa, no Museu do Chiado e no Porto, no Museu de Serralves, esta última mais uma enorme instalação de papelões em sinfonia de tom creme do que de pintura que se integrasse na Arte Povera.
Segundo julgo, Catarina Skoglund pressente afinidade com Richter na liberdade e no gosto da inovação e de constante mudança, numa caminhada talvez mesmo para ela de direcção imprevista. Num site da internet “artebruta”, marcando Gallery, encontra-se com luminosidade e nitidez a maioria dos trabalhos que eu havia visto ao natural.
Toda a obra que conheço prima pela originalidade, possui cunho pessoal, longe de quaisquer imitações, situando-se até nos antípodas da Arte Bruta própria de Jean Dubuffet ou de Alfred Wols que por nem sempre usarem o impacte da figuração, situavam-se na pintura dita informal. Victor Brauner, igualmente ao lado do expressionismo e do surrealismo, ainda se abeirou deste últiimo.
A versatilidade de Catarina Skoglund não passa pelo abstraccionismo geométrico de que recordo Auguste Herbin, Ben Nicholson, Jean Dewasne, nascido em 1921, no ano seguinte ao de Nadir Afonso. Por coincidência o período inicial do trajecto do nosso compatriota assemelha-se imenso a obras de Dewasne que retivemos na memória. Viagem bem diferente escolheu esta pintora predominantemente não figurativa desde os quadros de múltiplas manchas justapostas ou imbricadas a espátula disseminada por toda a superfície conferindo um ambiente festivo de consonâncias de cores, até àqueles em que só o azul ou só o vermelho são executados com exímia. A aparente monotonia é anulada em virtude do requinte de tonalidades e da heterogeneidade de espessura matérica. É patente neles um informalismo abstractizante.
Em relação ao 1º grupo atente-se na diferença que existe em ambas as obras da Colecção Berardo, uma de Jean- Paul Riopelle – Abstracção (Laranja), 1952 e a outra de Gerhard Richter – Imagem Abstracta, 1987 face à imensa profusão da pequenez do colorido, quase pontilista.
Um outro tipo de trabalhos contém signos, letras que formam palavras e estas frases escolhidas pela artista, sendo o efeito estético deveras conseguido. Há ainda exemplos de agradável informalismo que comportam sugestões figurativas. Num deles parece advinhar-se uma favela sem que o elemento humano esteja representado.
Raros quadros, a título de excepção, podem considerar-se minimalistas perante toda a produção realizada. Merecem, no entanto, que se aprecie o interesse do conteúdo central rodeado por uma área de nudez que propositadamente valoriza o conjunto.
No meu papel de observador fiz também a viagem interior que Catarina Skoglund me disponibilizou. Viagem de inegável proveito que aconselho e incito até o público a empreender.



Telo de Morais